Com Dilma, Brasil cai em ranking global de competitividade
Indicador de competitividade medido pelo Fórum Econômico Mundial mostra que, por falta de reformas, país passou da 53ª para a 57ª posição no ranking entre 2011 e 2014
Ana Clara Costa e Naiara Infante Bertão
Competitividade: país avançou no indicador, mas recuou no ranking
(Antonio Milena/VEJA)
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No quesito Instituições, o país passou de 80º lugar no ano passado para a 94ª colocação neste ano. No critério Infraestrutura, que avalia os investimentos feitos em logística e transporte, o Brasil passou de 71º para 76º. Já em Macroeconomia, a piora fez com que o Brasil, a sétima economia do mundo, passasse de 75º para 85º lugar, atrás de países como Bolívia, Costa do Marfim e Guatemala. O relatório mostra ainda que, em Eficiência do Mercado de Trabalho, importante indicador de qualidade da mão de obra e produtividade, o Brasil perdeu 17 posições, ficando no 109º lugar em 2014.
O documento enfatizou os problemas de infraestrutura como indutores da piora no ranking. "O declínio se deve, principalmente, aos progressos insuficientes em melhorar as fraquezas de infraestrutura no transporte, além da deterioração do funcionamento das instituições, com preocupações crescentes sobre a eficiência do governo e a corrupção", afirma o levantamento. Segundo o economista Banat Bilbao Osorio, um dos responsáveis pela elaboração do documento, o modelo econômico colocado em prática no Brasil, que busca o aumento da presença do estado na economia, acaba impedindo o avanço da produtividade. "A estabilidade macroeconômica é crucial, e esse tem sido um dos problemas do Brasil nos últimos anos", afirma.
VEJA
Não à toa, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado na última sexta-feira
mostrou que o Brasil entrou em recessão técnica, após dois trimestres
consecutivos de crescimento negativo. Houve também queda de 6,80% nos
investimentos, que é a ferramenta primordial para estimular o
crescimento de um país e gerar competitividade. Segundo Osorio, a
desaceleração ou queda dos investimentos estrangeiros indicam que um
país caminha no sentido contrário ao da produtividade. "O capital
estrangeiro ajuda a prover acesso a melhores tecnologias para as
empresas locais. Ajuda também a melhorar a qualificação dos
profissionais. Mas é preciso haver avanço em competitividade. Caso
contrário, o capital se muda para outros lugares", afirma o economista.Leia também:
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O Brasil tem sido constantemente comparado ao México em questões ligadas à economia. Segundo o relatório, o país latino-americano teve uma piora em seu indicador e caiu 6 degraus, para 61º lugar. Contudo, o texto aponta que suas perspectivas são boas porque as reformas implementadas pelo atual presidente, Enrique Peña Nieto, devem surtir efeitos nos próximos anos. "Quando os dados sobre o México foram coletados, ainda não era possível verificar o resultado das reformas. Mas eles são esperados para os próximos anos. No caso do Brasil, as reformas não estão sendo feitas. Por isso a avaliação de perspectivas é pior", afirma Banat Osorio.
VEJA
América Latina - Entre países vizinhos, o Chile se
destaca. Em ambiente macroeconômico, por exemplo, ele está em 22º
lugar. Mesmo assim, diante da presença de países extremamente
anticompetitivos, como Argentina e Venezuela, na região, o Fórum
Econômico Mundial alerta que os países latino-americanos não estão
avançando o suficiente para lidar com os desafios da competitividade. A
solução proposta é velha conhecida: reformas estruturais e investimentos
sérios e focados em infraestrutura e inovação. "O Brasil, assim como os
BRICS, precisará implementar reformas e se comprometer em fazer
investimentos produtivos. Esta estratégia é não apenas importante, mas
urgente para que o Brasil reforce sua resiliência", afirma o relatório.A crise não é desculpa - O relatório mostra que diversos países europeus fortemente atingidos pela crise de 2008/2009, como Espanha (35º colocado), Portugal (36º) e Grécia (81º) fizeram um grande esforço para melhorar seus indicadores de competitividade. Primeiramente, eles trabalharam em melhorias no funcionamento de seus mercados para evitar problemas como os vistos anos antes. Em segundo lugar, apostaram em incentivo à produtividade.
BRICS - A China não é apenas a que mais cresce entre os BRICS, grupo de países emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Ela é também o país do bloco com o maior índice de competitividade. No último ano, o gigante asiático pôs em curso uma série de medidas para moldar seu sistema regulatório, estimular a abertura da economia à iniciativa privada e dar mais segurança aos investidores. O resultado foi a 28ª colocação no ranking, acima da que havia sido alcançada no ano anterior.
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