Petrobras
Executivo afirma que Petrobras sabia de suspeitas de propina desde 2012
Membro da offshore SBM, ligada a Petrobras, diz que alertou estatal em 2012. Empresa levou um ano e meio para começar apuração
Edifício sede da Petrobrás no Rio de Janeiro
(Fábio Motta/AE)
Segundo o jornal, o depoimento de Levy durou cerca de três horas e foi tomado em 2 de abril no Ministério Público do Rio de Janeiro. De acordo com os documentos, o executivo afirma que anualmente o CEO da SBM tem reuniões com a diretoria da Petrobras.
Levy disse ter testemunhado o encontro de 2012, no qual foram abordadas as suspeitas de suborno com alguns executivos da empresa, entre eles o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Miranda Formigli, o gerente executivo da área, Erardo Barbosa, e o gerente executivo Osmond Coelho, da área Internacional.
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"(...)Perguntado quando e a quem a SBM informou a Petrobras acerca das suspeitas de pagamentos indevidos, respondeu que anualmente o CEO da SBM tem reunião com a diretoria da Petrobras, e, na reunião de 2012, salvo engano em agosto, o declarante estava presente quando o assunto foi abordado, estando presentes, pela Petrobras, Formigli, Osmond Coelho e Erardo e, pela SBM, além do declarante, Bruno Chabas e Oliver Kassam", diz o documento.
No depoimento, Levy afirma ainda que as suspeitas de suborno foram novamente abordadas, mesmo que “brevemente, porque as apurações ainda estavam em andamento", em um encontro que aconteceu no primeiro semestre de 2013.
De acordo com o depoimento, a SBM contratou a holandesa Debrauw e a norte-americana Paul Hastings para investigar possíveis pagamentos indevidos. De acordo com as duas empresas, não foram encontradas provas de corrupção.
Levy citou aos procuradores o papel de Julio Faerman, suposto representante da empresa SBM no Brasil que, segundo a denúncia, seria o responsável pelo pagamento da propina a funcionários da Petrobras, em troca de contratos de fornecimento de plataformas. Segundo Levy, Faerman era o "rosto" da empresa no Brasil e "atuava em todas as fases, como único agente comercial da SBM no Brasil, agindo de forma muito competente desde a elaboração dos contratos, colaborando com especificações técnicas, na qualidade de engenheiro, além dos aspectos comerciais".
Levy não soube quantificar, no entanto, os porcentuais de comissão e valores que Faerman receberia por projeto. Faerman não consta mais na lista de funcionários da empresa SBM. Os investigadores suspeitam que ele receberia uma comissão de 3%, paga como propina. Outros funcionários receberiam propinas que seriam dividias em 1% para Faerman e 2% para membros da Petrobras.
O procurador da República Renato Silva de Oliveira, responsável pelo caso, avalia que a conclusão das apurações só seja feita em 2015. No documento, o procurador informa que o procedimento investigatório criminal, aberto em 14 de março, continua em andamento.
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